Por que eu traduzi ¨My Friend Michael¨

Eu me lembro da primeira vez em que ouvi falar do livro My Friend Michael, escrito por Frank Cascio. Eu estava lendo sobre o assunto em um fórum, e o clima estava ¨quente¨.

Alguns fãs chamavam Frank de traidor, embora admitissem não terem lido o livro, ainda. E assim, outros fãs se manifestaram, influenciados pelos primeiros.

Na ocasião do lançamento de My Friend Michael, a mídia retratava manchetes que exaltavam apenas os temas mais polêmicos do livro. Aliás, exaltar a polêmica e distorcer os fatos é um hábito da mídia convencional.

Intrigada, comecei a pesquisar sobre Frank Cascio, porque eu achei que não seria justo acusá-lo de qualquer coisa, embasada apenas na opinião alheia. Foi Michael quem me ensinou isso.

Me lembro de Frank falar, em uma de suas entrevistas:

¨Às vezes, não percebemos ou não entendemos por que as pessoas entram e saem de nossas vidas. Nada é para sempre e você tem sorte se você tem uma amizade que dure até um ano. Não foi uma coincidência nosso relacionamento ter durado mais de 25 anos.¨

¨Seus fãs significavam muito para ele. Espero que eles percebam o quanto eles realmente significavam para ele, porque eles lhe davam forças. Os fãs lhe davam motivação e ele nunca queria decepcioná-los; não queria deixar ninguém para baixo.¨

Então, me pareceu que alguém que fala demonstrando este nível de sentimento por Michael Jackson, merece ser ouvido, antes de ser julgado.

Michael conviveu de forma íntima com a família Cascio, por quase três décadas, e era algo do qual não se ouvia falar, antes de 25 de Junho de 2009.

Fiquei motivada em conhecer as histórias por trás dos bastidores. O Michael na intimidade familiar, com suas risadas, suas surpresas, suas demonstrações de afeto, seu lado frágil.

Assim como Michael não tinha medo de olhar para os sofrimentos da vida (como ele visitava as crianças nos hospitais infantis, por exemplo) eu também não tenho medo de olhar para as outras nuances de Michael, e ele as teve, com certeza.

O livro mexe com vários tabus, e não apenas quando fala sobre o cigarro de maconha.

Mostra Michael revoltado, com justa razão, quando quebra os móveis do quarto do hotel.

Michael desconfiado das pessoas ao seu redor, sem saber em quem confiar.

Michael admitindo estar cansado das turnês, porque o deixava profundamente desidratado, alterando todo o seu metabolismo.

Michael se envolvendo, eventualmente, com algumas mulheres. 

Michael se sentindo abandonado pelo próprio Frank, e Frank, por sua vez, magoado com Michael, por considerá-lo desta forma.

Michael lutando contra a dependência dos remédios prescritos.

E assim, tantas nuances de alguém a quem quase não se deu o direito de ser ¨humano¨.

Eu citei apenas alguns exemplos.

Eu amo e respeito Michael Jackson como artista e como ser humano, e acredito que ele não tinha a obrigação de ser forte o tempo inteiro. Não tinha que se abster de um copo de vinho, ou de sexo, ou de um cigarro, se ele assim o quisesse.

Isso tudo é irrelevante para mim, porque o torna ainda mais humano, e mais encantador, aos meus olhos.

E isso é o contrário de ''endeusá-lo''. É lhe dar o direito de ser ¨humano¨.

Eu penso que Michael Jackson não tem que provar mais nada para seus fãs. Quem o ama, o ama com suas virtudes e suas fragilidades. Michael deu tudo de si para o mundo, como artista e como pessoa. Lendo o livro, em nenhum momento me senti desapontada com Michael.

Eu pensei que outras pessoas poderiam ler esse livro e olhá-lo com os mesmos olhos com que eu o li. E se emocionar, da mesma forma. Foi por esse motivo que eu o traduzi e o publiquei neste blog. 

Vocês podem fazer uma ideia do quanto é trabalhoso traduzir um livro da primeira à última página, então, tenham a certeza, de que foi feito com muito A.M.O.R., da mesma forma como eu criei e administro o blog Cartas para Michael.

Para quem ainda não leu o livro, e também para quem o leu e querer reler, recomendo que assistam os vídeos, vejam as imagens, leiam as entrevistas e o editorial da Wendy, chamado Michael e a família Cascio - uma história especial.

É uma viagem que vale a pena.

Rosane

*******